A MENTIROSA MÃE DA COVID-19
- Elisa Romera
- 2 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de mar. de 2022
Quão superiores somos nós? Uma introdução ao outro lado da história.
Por Elisa Romera de Freitas
Edição por Bianca Penteado e Reyel Moreira de Souza

Nas mãos do “ocidente cultural”¹, a pandemia de provável origem chinesa se tornou uma arma de propaganda política. Com uma guerra travada entre as duas maiores potências mundiais, cada uma em seu lado do globo, a doença que diariamente dizimava milhares de pessoas se tornou um instrumento de adesão a posicionamentos ideológicos divergentes.
Aqui, a oeste de Greenwich, a China assumiu o papel de vilania, sendo acusada de planejar um vírus que, ironicamente, afetou mais de 85 mil de seus cidadãos. No ocidente, o país oriental é visto como um mentiroso, responsável por cada uma das vidas levadas massivamente, enquanto nossa própria negligência assassinou 200 mil no Brasil.
Até que ponto, enfim, nossa mídia é imparcial? Aos seus olhos, Zhang Zhan é uma heroína, mas poucos retratam sua história. Por que há jornalistas que defendem a coragem de disseminar notícias falsas, quando, aqui, isso afeta nossas reputações? Tudo para defender o “ocidente” e a sua verdade, a única que conhecemos.

“Se você não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dê dois lados de uma questão para preocupá-lo, dê-lhe uma. Melhor ainda, dê-lhe nenhuma”, é uma das mais marcantes frases do livro “Fahrenheit 451” de Ray Bradbury. Ainda não queimamos livros, mas a alienação e repulsa ao conhecimento apresentado no mundo distópico está mais próxima do que imaginamos.
Somos moldados por rixas e reproduzimos ideias condizentes com a agressividade carregada nas guerras políticas. Por isso, é fácil definir a China como a “mentirosa mãe da Covia-19”, uma vez que nos atentamos a apenas uma faceta da verdade que jamais será questionada.
Como poderíamos nos comparar à “aberração comunista”? Pois bem, acompanhe nosso dossiê para entender que, apesar da imensa diferença política e cultural, grande parte dos posicionamentos de ódio à China não são baseados em fatos, mas sim, na sinofobia².

As próximas três matérias que constituirão o dossiê terão o objetivo de informar sobre questões que delineiam os costumes político-sociais e a SARS-COV-2 no território chinês. A China, com todos os problemas políticos, e sendo a provável origem do SARS-COV-2, não é superior, tampouco a vilã que juram ser.
NOTAS DE RODAPÉ
¹ Ocidente cultural: se trata da semelhança cultural e política que algumas nações possuem, como resultado do legado europeu. A ideia é fruto de um estigma político-social que divide o mundo no que seria melhor, mais civilizado e livre, e o que seria tirania e atraso.
² Sinofobia: Aversão à cultura, aos costumes e ao povo chinês.
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