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CHINA, A ORIGEM DA PANDEMIA

Atualizado: 21 de mar. de 2022

Entenda se a China pode ser responsabilizada pela pandemia e se sua conduta foi, realmente, inadequada.


Por Elisa Romera de Freitas

Edição por Reyel Moreira de Souza


As fake news são uma tendência nas áreas política, econômica e mesmo histórica, devido às trocas de informações e possibilidades de interação social proporcionadas pela internet” || Reprodução: Unsplash da Organização das Nações Unidas (ONU)

Avassaladora, a Covid-19 é, por muitos, considerada uma das maiores crises epidemiológicas dos últimos tempos. Entretanto, sua disseminação de alta escala pode parecer minúscula quando comparada a outros surtos, muitas vezes despercebidos, que fortalecem-se exponencialmente ao longo dos anos. Para a infodemia¹, hoje, não há vacinas.


Enquanto uma evidente potencializadora da epidemia, a crise de fake news, propagada em velocidades imensuráveis, sabotou a saúde brasileira e mundial ao eleger falsos responsáveis, sugerir tratamentos inexistentes e fomentar a revolta popular contra métodos profiláticos².


Manipulada de acordo com vieses político-econômicos, a informação é uma arma de cultivo ao poder no mundo capitalista pós-moderno³. Culpabilizar a China por uma crise de ordem mundial, coloca-a sob a visão de batalha contra o resto do globo, atribuindo-a, até mesmo, vilania. Acusação essa que, convenientemente, foi abordada por diversos líderes ocidentais.


O ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, serve de exemplo como um daqueles que abusou dos meios de compartilhamento, esbravejando narrativas odiosas ao “vírus chinês”.


“Trump, cuja plataforma visa manter os americanos como os maiores consumidores e poluidores do planeta, mandando às favas as consequências, tem como objetivo aproveitar-se do lado discriminador e ignóbil de parte do eleitorado de seu país para fortalecer-se politicamente”, explica o colunista Marcos Emílio Gomes em uma produção para a Revista Veja.

No Brasil, o cenário se mantém. Eduardo Bolsonaro, filho do atual Presidente da República brasileira, culpabiliza abertamente a China pela pandemia, com o único argumento de que o país oriental foi o berço do vírus SARS-CoV-2.


Concomitantemente, seu pai ignora a responsabilidade, enquanto chefe do Executivo, de priorizar a saúde pública, negando a vacinação de seu povo. Ao declarar “não compraremos a vacina chinesa”, a sinofobia, para Jair, parece prevalecer ao bem da nação.


No Brasil, até o dia 16 de Março de 2020, 4,9% da população foi vacinada || Reprodução Unsplash
No Brasil, até o dia 16 de Março de 2020, 4,9% da população foi vacinada || Reprodução Unsplash

A hipocrisia, enquanto reflexo das falhas nos discursos políticos, é exercida em diversos outros aspectos sinofóbicos. A falha ou ausência de políticas é mascarada, portanto, nas acusações contra a nação chinesa.


O consumo de animais silvestres, apontado diversas vezes como cultural na China, foi outro tópico tratado massivamente com irresponsabilidade e dissimulação. Seu surgimento na cidade de Wuhan, onde há comércio de carnes exóticas, resultou em duras repreensões pela ótica internacional


Realmente, para o meio científico, a relação do vírus com a ingestão de carne de morcego, que não é frequente na alimentação chinesa, é uma grande hipótese.


Porém, esses mercados - que ao contrário de diversas colocações errôneas, não são comuns - existem por todo o mundo, legal ou ilegalmente. Assim, doenças acometidas pela alimentação carnívora não são exclusivamente chinesas.


Na realidade, em 2020, a ONU declarou que 70% das doenças têm origem animal. Vírus que causam infecções letais e representam grande perigo para a saúde pública, como o HIV-1, que vem de Chimpanzés do sul de Camarões, surgiram de caças ilegais.


As zoonoses⁴ podem provir, inclusive, de carnes comumente vendidas em mercados. Um exemplo desse risco ocorreu entre as décadas de 1980 e 1990 com a “Doença da vaca louca”, que afetou mais de 180 mil cabeças de gado.


A China foi a vítima de um mal que acomete a humanidade desde seus primórdios em todo o globo terrestre. A grande diferença é que, com a globalização, a disseminação viral se fortaleceu de maneira assustadora, deixando um número inimaginável de vítimas.


Durante a pandemia, a avenida Champs-Elysees, que se localiza em frente ao Arco do Triúnfo, na França, encontrou-se quase que vazia || Foto/Reprodução: Ludovic Marin/AFP

Desde as teorias conspiracionais, muitas vezes propagadas por importantes figuras políticas, como a possibilidade do SARS-CoV-2 ser uma arma biológica, ao repúdio à produtos chineses, incluindo equipamentos e imunizantes, são frutos da realidade sinofóbica em que estamos inseridos e, inevitavelmente, deixam marcas inesquecíveis na história ao negociarem vidas em troco de status de poder e sustentações ideológicas racistas.



NOTAS DE RODAPÉ





1 Comment


Mitaf Freitas
Mitaf Freitas
Apr 01, 2021

Enfim um pouco de lucidez!

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